Qual a validade e quanto vale a pena o “treinamento” do sono infantil? Quase todas as mães já leram ou ouviram falar nos livros “Nana nenê” e “A encantadora de bebês” entre outros que doutrinam, grosso modo, que é preciso deixar o bebê chorando no berço para que ele “aprenda a dormir sozinho”.
O treinamento do sono infantil consiste em estabelecer uma rotina de sono e praticar o “conforto controlado” (pais respondem ao choro de seu bebê em intervalos crescentes de tempo) ou o “acampamento no quarto” (os pais vão se afastando do berço cada vez mais até que seu bebê aprenda a cair no sono sozinho).
Particularmente, considero óbvio que se você deixar o seu bebê no berço sozinho na hora de dormir, por mais que ele chore, mais cedo ou mais tarde vai acabar pegando no sono. No entanto, acho complicado na prática deixar o bebê sozinho no berço aos berros e ficar ouvindo do outro lado da porta! Por isso nunca apliquei tais métodos ao meu filho e ele dorme muito bem, obrigada!
A esta altura o leitor já reparou que não simpatizo com os métodos pregados pelo Nana-Nenê e pela “Encantadora” de Bebês, aquela que resolve “todos os seus problemas” (mas que mesmo após ter ficado milionária continua com um cabelo horrível, então como confiar numa mulher dessas???).
Bom, brincadeiras a parte, o fato é que você pode amá-los ou odiá-los, mas – diferentemente do que vinha sendo dito – os tais “métodos” pregados por esses livros não causam danos (tampouco benefícios) efetivos para a formação psico-social da criança.
Um estudo australiano realizado com 225 famílias concluiu não haver evidências de diferença a longo termo nas crianças cujas famílias adotaram o treinamento do sono infantil e àquelas praticaram os cuidados costumeiros. Essa diferença, ou melhor, a ausência dela, inclui: conduta emocional e comportamento dos pequenos; problemas de hábitos de dormir; função psicossocial; níveis de stress crônico entre os pais que adotam algum desses métodos e os que não o fazem; aproximação pais-criança; conflitos de relacionamento; relacionamentos globais da criança; inibição de afeto; e níveis de depressão, ansiedade e stress nos pais; ou paternidade autoritária.
A conclusão do estudo é de que as técnicas de treinamento de comportamento infantil para o sono não possuem efeitos de longa-duração, positivos ou negativos e, assim, os pais e cuidadores podem utilizar sem medo tais técnicas para reduzir a curto e médio prazo problemas de sono do bebê e de depressão materna, sem a preocupação de que suas crianças fiquem “traumatizadas” no futuro.
Respondendo a pergunta inicial, sim, o treinamento do sono é válido, pois não faz mal a quem queira e se sinta bem em adotá-lo. Quanto a valer ou não a pena, depende apenas do quanto os pais queiram e se sintam confortáveis em adotar tais técnicas, não esquecendo que a depressão materna (que geralmente é a depressão pós-parto) possui também outras causas além da abstenção de sono da mãe que devem ser bem observadas, para que sejam devidamente tratadas.
Fonte:
http://pediatrics.aappublications.org/content/early/2012/09/04/peds.2011-3467.abstract
A matéria “Berreiro Liberado” da revista VEJA de 19/09/2012
Esta mesma pesquisa também foi citada em uma matéria da revista Veja que concluiu que “o melhor é segurar a ansiedade e deixar o bebê chorar, como se o pranto fosse uma agradável canção de ninar”. Em primeiro lugar não entendo que a pesquisa tenha demonstrado isso, pelo contrário, foi verificado que não existe um a diferença entre deixar ou não a criança chorar, não existe uma “fórmula” que funcione de maneira uniforme para todos os bebês. Além disso, para algumas mães (meu caso) a ansiedade só aumenta com o choro e o bom e velho “colinho” funcionou muito bem para acalmar o meu bebê, cortando o mal na raiz, afinal “chorar e coçar, é só começar”!!!

Pedro, Nonouse e o soninho dos anjos!
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